Racismo e Saúde Mental
Assisti com grande desconforto a entrevista da cantora e apresentadora Karol Conka ao canal GNT. Na entrevista, a cantora retoma um pouco de sua história de vida e fala sobre fatores que foram determinantes para a construção de sua autoestima. Dentre eles, relata vários episódios de bullying sofridos na infância, inclusive por parte de seus professores, por ser uma criança negra.
Karol afirma que seus pais começaram a se preocupar com sua autoestima quando a viram 'descolorindo' a pele com água sanitária.
Veja a entrevista:
Considerado pela Organização Mundial de Saúde, OMS, como Determinante Social de Saúde, o racismo deixa profunda marcas em suas vítimas e é acompanhado de dados ainda muito insatisfatórios em nosso país. Segundo o Ministério da Saúde:
“A Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) é uma resposta do Ministério da Saúde às desigualdades em saúde que acometem esta população e o reconhecimento de que as suas condições de vida resultam de injustos processos sociais, culturais e econômicos presentes na história do País. (...) não há como negar que persiste ainda hoje, na nossa sociedade, um racismo silencioso e não declarado. A persistência desta situação ao longo desses anos é facilmente observada na precocidade dos óbitos, nas altas taxas de mortalidade materna e infantil, na maior prevalência de doenças crônicas e infecciosas, bem como nos altos índices de violência urbana que incidem sobre a população negra. (...)”.
Karol será a apresentadora da próxima temporada do programa "Superbonita", do canal GNT, programa que tem por objetivo, de acordo com o site do programa, "ampliar o conceito do que é belo, abandonar o certo ou errado, ajudar mulheres reais a se sentirem bonitas, dignas e confiantes em sua diversidade."
Sem dúvidas, ter uma mulher negra à frente de um programa de beleza feminino demarca um importante lugar social de empoderamento da mulher negra, dentro de um contexto cultural em que quase exclusivamente apenas determinados padrões de beleza são estimulados, geralmente o "padrão europeu/ nórdico".
